bibi Reflete Sobre sua Paixão por Música, K-pop e a Indústria Musical Brasileira
Uma música composta para Pabllo Vittar, um dueto com Amanda Coronha e duas músicas para uma série da Netflix a pedido de Wanessa Camargo. Foi com esse currículo recente que a cantora e compositora brasileira bibi sentou com a EnVi para falar sobre sua carreira, suas inspirações e o que podemos esperar da sua música no futuro.
Quem é bibi
“Eu estou muito feliz, eu amo meu trabalho!” bibi contou para a EnVi, empolgada. A mineira de 26 anos conta que, aos 5 anos, ela disse pros pais que queria ser cantora e ter carreira internacional. “Eu falei para o meu pai: “Papai você tem dinheiro pra pagar aula de inglês pra mim? Eu preciso falar inglês.”
Anos depois, bibi teve a sua chance logo no último ano da faculdade de publicidade, propaganda e marketing, ao fazer um curso no Studio Vip, do produtor Dudu Borges. “Eu pisei no estúdio e já comecei a chorar, fiquei toda arrepiada. Falei ‘Cara, esse é meu lugar, tem uma história pra mim’”. Depois de virar figurinha carimbada dos cursos por meses, ela foi chamada para trabalhar no estúdio como compositora da casa, onde ficou por 5 anos e compôs para diversos artistas brasileiros de sucesso.
Os Hits
“A minha primeira grande música, foi “Não perco meu tempo” da Anitta, em 2018. Eu participei do primeiro song camp global da Universal Music Brasil, que foi no Studio Vip onde eu trabalhava, então a gente organizava tudo ali e tinha 12 compositores e produtores, cada um de um lugar do mundo.” Em uma das sessões, bibi escreveu um música em espanhol com um grupo de produtores de diversos países e a música foi enviada para Anitta, que quis a música apra o seu EP na hora. A letra foi adaptada para o portugês a pedido da cantora e, 1 mês e meio depois, estava lançada. “Eu falei ‘como assim aconteceu já? Tá lançada.’ Foi muito rápido. Muito natural. Às vezes eu fico achando que eu tenho que correr atrás dessas grandes oportunidades, mas as grandes oportunidades são as de todos os dias, sabe?”
Bibi também é responsável por hits como “Pior Que Possa Imaginar” de Luisa Sonza, “Como se Fosse a Primeira Vez” de Rouge e “Number One” de Pabllo Vittar.
“A pabllo queria fazer algo estilo K-pop porque ela curte muito, ela escuta aespa, Blackpink, etc, e ela falou ‘Eu quero fazer ‘um K-pop’!’. É muito interessante porque ela se permite essa versatilidade.” A música conta com uma estrutura reconhecível do K-pop, como linhas de rap e melodias diferentes em todos os versos, até os refrões trazerem uma batida de funk. “Pros fãs que não conhecem esse universo é tipo assim ‘O que que tá acontecendo? não estou entendendo essa música, tem muita informação.’, mas a gente que conhece fica tipo ‘É isso aí!’”.
A Influência do K-pop
Bibi também é ela mesma fã de K-pop. Entre os favoritos, ela citou BTS (quem ela teve a sorte de ver bem na frente do seu hotel em Los Angeles gravando o Crosswalk Concert do james Corden), NCT (e citou Neozone: The FInal Round como seu álbum favorito), Crush, Sam Kim, Brown Eyed Soul, IU e sua “xará” BIBI – com quem ela disse que amaria fazer uma música chamada “BIBIBIBI”. “Meu artista mais ouvido do ano no Spotify Wrapped foi o Park Hyo Shin, acho que tive todas minhas crises ao som de Park Hyo Shin.”
Ela tem planos para expandir seus trabalhos para esse mercado e contou que tem feito, junto com sua amiga e também compositora Mayra, uma base de dados com músicas voltadas para a indústria do K-pop – incluindo uma música feita com o NCT em mente.
“Eu acho o K-pop muito sadio para indústria, porque o K-pop sempre eleva o patamar. E não é tanto sobre ser melhor que um ou outro artista, é sobre ser melhor que seu último lançamento”. bibi também tem uma grande admiração pela cultura coreana e disse que ouvir a música e observar os artistas coreanos trabalhando é um grande estímulo profissional, que a leva a tentar coisas diferentes. “Eu gosto muito do approach cultural em relação ao respeitar o seu ofício, eu acho que isso é um grande aprendizado. Relacione-se com seu ofício com comprometimento. Você vê o comprometimento em tudo que eles fazem.”
A cantora se sentiu muito acolhida quando participou da conversa “Women in K-pop” no Clubhouse pela página Inside K-pop, no Dia Internacional da Mulher.“Ver essa força feminina, é uma coisa que eu prezo muito, de ter canção feminina no mercado. Porque no Brasil, menos de 14% dos compositores são mulheres, menos de 3% dos produtores são mulheres. São números muito pequenos.”
A Cena Brasileira
bibi nasceu em Minas Gerais, mora atualmente em São Paulo, mas morou em diversas cidades do Brasil durante a infância, e pôde vivenciar a diversidade cultural do país. “Eu amo ser brasileira. E eu coloquei como desafio pessoal ser versátil na música. Porque eu escuto de tudo, então eu quero fazer de tudo.”
Recentemente, bibi escreveu duas músicas – “Isso é o Amor” e “Band-aid” – para o álbum Pai & Filha de Zezé Di Camargo e Wanessa, que acompanha a série documental da Netflix “É o Amor: Família Camargo”.
Quando questionada sobre artistas brasileiros que ela acha que poderiam ter mais reconhecimento, bibi citou Bruno Caliman e Chameleo.
“O Bruno Caliman, além dele ser um poeta, ele é um cara que só é um gênio porque ele faz. Se ele não fizesse nada com isso ele seria louco. Os gênios são loucos, só que são loucos com resultados. Então é muito legal para mim, como compositora, ver o que ele escreve em português, eu fico ‘Como assim, como esse cara escreveu esse verso?’”
Chameleo é um artista com quem bibi escreveu 7 das 13 faixas do seu último álbum ECDISE, incluindo “frequente(mente)” – também com Pabllo Vittar – e “Tokyo”. “Eu tenho a sorte de trabalhar como compositora, com artistas que vão sustentar as ideias mais malucas do mundo e fazer isso ser a autenticidade deles […] O Chameleo é um grande nome para o pop brasileiro.”
Um nome que aparece muito frequentemente ao lado do de bibi é Amanda Coronha, com quem ela recentemente lançou a colaboração “Conta Tudo”. As duas se conheceram quando Dudu Borges estava produzindo o álbum da Amanda e disse que iria apresentar as duas.
“Na sala de espera do estúdio a gente já se conheceu e meio que já ficou sabendo tudo uma da outra. Nós fomos escrever para o disco dela. Então a gente ficou 2, 3 meses escrevendo todos os dias juntas. A nossa química de composição é muito interessante. A gente se entende muito bem.”
O Que o Futuro Reserva
Depois de 5 anos como compositora no Studio Vip, bibi deixou a casa para focar em sua carreira de cantora e compositora.
“Foi muito difícil porque o estúdio é um lugar que eu amo muito. Eu trabalhava com pessoas que eu tenho muita consideração, que são tipo família pra mim. Mas querendo ou não, por mais que todo dia fosse diferente, que todo dia tivesse um novo desafio, eu já tinha feito tantas coisas ali que eu estava na minha zona de conforto.”
O primeiro álbum solo da bibi está previsto para o primeiro semestre de 2022, e conta com músicas em inglês e português, embora ela ainda tenha planos de incluir mais algum idioma.
“Minha carreira de compositora é algo que eu vou morrer fazendo, eu ali com meu caderninho que eu levo pra todo lugar. Mas querendo ou não, a carreira de cantora é muito mais ‘time-sensitive’, claro que eu posso fazer isso pelo resto da vida mas pensar em investir minha energia, meu dinheiro, meu tempo, em um projeto, tem um espaço ali de tempo que eu tenho que fazer isso.”
bibi também está participando no momento do programa coreano “Hello Trot”, onde ela aparece remotamente como jurada convidada.
É inegável que bibi ama o que faz, e deixa claro que os prós desse ofício superam os contras.
“A melhor qualidade de quem trabalha com arte tem que ser persistência […] A gente confunde o sucesso com a fama, mas o sucesso é a capacidade de realizar algo que está na sua mente.[…] A fama é um número que está na cabeça das pessoas. Hoje em dia a gente está numa indústria que analisa muito as pessoas por números, sendo que não é isso, é o empenho, a devoção que você tem ao que você faz. Eu sou devota da música, de verdade.”
Você pode escutar os trabalhos da bibi pelo Spotify e segui-la no Instagram.